sábado, 24 de dezembro de 2016

O NATAL E O AREÓPAGO


Resultado de imagem para manjedouraMuitos tem afirmado (inclusive, fiz isso por 7 anos no ministério) que os cristãos não devem realizar nada alusivo ao Natal, por motivo de ser esta festa, de origem pagã. O motivo mais forte, seria de que Jesus não nasceu na data de 25 de Dezembro, informação com a qual, qualquer estudioso sério das Escrituras concorda. Porém o tamanho da incoerência fica evidente quando observamos o zelo em buscar mais informações extra biblicas sobre os cultos pagãos, do que realmente se inteirar da verdade bíblica acerca do tempo em que Jesus nasceu. Inclusive, dizem eles, ser esta uma informação irrelevante, pois a bíblia não diz o dia, ela só evidenciaria a impossibilidade de Jesus ter nascido neste período do ano devido as condições climáticas típicas da região. Porém a Bíblia nos indica sim, o período aproximado em que Jesus nasceu, vejamos:

De acordo com o Antigo Testamento, o serviço sacerdotal, era organizado entre os levitas em turnos de 15 dias, ou seja, cada mês possuía 2 turnos, sendo que o ano judaico possui 12 meses assim como o ocidental (diferindo apenas que no nosso mês de Março eles marcam o mês de Abide ou Nisã que é o seu primeiro mês, finalizando em Fevereiro com Adar), totalizando 24 turnos de 15 dias (1 Crônicas 24:1-19). Zacarias, era levita da ordem de Abias (Lucas 1:5,8,9), responsável pelo oitavo turno (1 Crônicas 24:10). Durante o tempo em que ele ministrou no templo, recebeu a visita do anjo Gabriel, que revelou que sua esposa ficaria grávida. Então, ao completar seu turno, voltou para casa, e Isabel concebeu João Batista (Lucas 1:23-24). Logo, se João Batista foi concebido no ventre da sua mãe, após o final do oitavo turno, isso ocorreu no final do mês de Tamuz (Junho), ou no início do mês de Abe (Julho). Assim João Batista nasceu, próximo ao mês de Março.
Ok, mas o que isso tem a ver com Jesus? A Bíblia relata que, após a concepção de João Batista, contam-se 6 meses até a concepção de Jesus no ventre de Maria (Lucas 1:24-38). Logo, Jesus foi concebido no fim de Tabete ou inicio de Sebate, ou seja, fim de Dezembro ou inicio de Janeiro. Como você sabe, da concepção ao nascimento, geralmente, a gestação dura aproximadamente 9 meses. Se contarmos este tempo do final de Tabete, chegaremos ao mês de Etenim ou Tisri, que corresponde ao nosso mês de Setembro. Com uma margem de erro de até um quinzena, podemos dizer que seu nascimento se deu entre a última quinzena de Setembro ou primeira de outubro, quando ocorre a festa dos tabernáculos, que significa Deus habitando com seu povo (Levítico 23:39-44; Neemias 8:13-18). Isso nos indica que a festa dos Tabernáculos pode ser interpretada como uma tipologia profética do Verbo divino que finalmente veio tabernacular entre os homens! Isso é fato muito significativo! Porém muitos preferem saber dos ídolos mudos fazem “aniversário” em 25 de Dezembro, a saber o dia do nascimento Daquele a quem chamam de Senhor!
Por não ter ocorrido no mês de Dezembro, somos realmente impedidos de celebrar o nascimento fora do período a que chegamos por meio de informações bíblicas? Se sim, nossas igrejas deveriam parar de celebrar a santa ceia ou partir do pão de mês em mês, ou de domingo em domingo (como alguns casos), visto que sabemos com precisão suficiente a data da sua morte e ressureição. Se levamos este raciocínio a sério, teremos que fazer igual às Testemunhas de Jeová! Você topa?
Além disso a cada dia do ano correríamos o risco de cair numa data pagã, ou mais provavelmente, da comemoração de algum ídolo romanista. Em vez de ficar com a ideia-fixa neste raciocínio infantil, que tal pensar como Paulo no Areópago (Atos 17:15-23)? Lá ele observou os ídolos gregos e utilizou um   altar onde estava escrito que era destinado ao “DEUS DESCONHECIDO” para lhes anunciar o evangelho do único e verdadeiro Deus. Vamos refletir: Se falarmos de Cristo paralelamente a uma celebração pagã, isso significa que estamos adorando a um ídolo ou a Cristo? Tenhamos bom senso!
Uma objeção importante acerca do assunto diz que na Bíblia não há ordenança de celebrar o nascimento de Jesus, haveria apenas ordenança para celebrar sua morte de acordo com 1ª Coríntios 11:23-26. Haveria então uma proibição de lembrar seu nascimento? É o que veremos: ao que me parece, tais interpretes das escrituras tratam o nascimento e a morte do Senhor Jesus meramente sob a ótica ritualística ou litúrgica, esquecem-se que a palavra celebração, comemoração ou festa nem mesmo aprecem no referido texto, temos nesta passagem o elemento da memória e temos o anuncio! Se o texto bíblico se conectasse mais ao caráter festivo, ai poderíamos nos limitar a datas, especialmente no que diz respeito a Sua morte. Porém sob o ponto de vista do real contexto a “celebração” da ceia vai muito além da necessidade dos membros do corpo de Cristo em participarem de uma ordenança vinda diretamente do Senhor. Tal “celebração” alcança muito mais a esfera da proclamação, do anuncio ao mundo sobre a morte do Salvador! Isso quer dizer que quando participados na ceia do Senhor o fazemos para além de tudo, anunciar ao mundo sua obra redentora, ou seja, pregamos o evangelho, e para pregar o evangelho não há datas definidas!
Agora, o que é o nascimento de Jesus? De acordo com o anjo, anunciando aos pastores das circunvizinhanças da região onde nasceu Jesus (Lucas 2:8-10), o nascimento de Jesus é BOA-NOVA. Logo o nascimento de Jesus é parte do maravilhoso evangelho de Deus! Não há como ter evangelho se mantermos a cruz e retirarmos a manjedoura! Na cruz a redenção foi concluída, porém toda conclusão necessita de um início! Por que então não podemos cantar músicas sobre o nascimento de Jesus se os anjos o fizeram? Por que não podemos usar o tema do nascimento de Jesus neste período do ano, onde as pessoas se encontram envolvidas com o tema? É assim que combateremos as práticas pagãs e iniquas! Quase não conhecemos mais pessoas que adoram o Solis Invictus ou Mitra, mas elas idolatram o consumo, escravizadas pelo sistema que as incentiva na busca da satisfação carnal.
Podemos sim, em meio a este contexto cultural anunciar o que é contrário a própria cultura! O problema não é fazer celebrar paralelamente a datas pagãs, o problema é que as pessoas dizem estar comemorando o nascimento de Jesus, mas na verdade suas ações neste período do ano não são para honrar o que eles dizem ser o aniversariante, mas sim honrar seus desejos carnais, consumismo, bebedice, gula etc. O papai Noel representa justamente a satisfação do ego de cada um, separadamente de Cristo. Por que não podemos lutar contra esta cultura sistematizada anunciando o nascimento de Cristo como faríamos em qualquer período do ano?

Quem deturpa a fé cristã, não é aquele que se propõe a anunciar o nascimento de Jesus no  25 de Dezembro, mas é aquele que promove forçadamente alguma forma de inércia quanto a anunciação do nascimento do Salvador! Se o mundo se encontra neste momento paganizado, celebrando não mais o nascimento do deus-sol (ou outra entidade), mas adorado ao próprio ventre, usando a arvore com símbolo de esperança terrena onde os desejos carnais são realizados, podemos anunciar o que ocorreu na manjedoura como indicação da esperança celestial onde os filhos de Deus serão transformados para a glória do Altíssimo! Saiba caro leitor, que o falar do nascimento de Jesus vai muito além de falar de um aniversário, trata-se da proclamação da verdade salvadora de que o Messias finalmente veio a Terra. Se fosse apenas uma questão de aniversário, ai si deveríamos nos preocupar tanto com a data. Porém a pregação é vital para qualquer dia! Porque seria diferente hoje no 25 de Dezembro?
Soli Deo Gloria!
Alisson Lopes 

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