QUATRO RAZÕES DO PORQUE EU NÃO "ACEITO JESUS"

Uma das maiores frases de efeito, e até mesmo expressões usadas em argumentos dos nossos dias é “aceitar Jesus”. Muitos líderes têm ensinado que o papel do homem é aceitar Jesus, visto que Ele está batendo a porta do coração do homem, porém, é necessário que o homem permita que esse Jesus adentre e faça ali morada. Vamos analisar aqui 4 razões do porque o homem é incapaz de “aceitar Jesus”.

1. Jesus é Deus.

Entender esta lógica é bem simples, basta usarmos a cabeça. Se de um lado temos um ser que é totalmente Santo, Justo, Perfeito, Todo-Poderoso e Soberano, e do outro lado temos um ser que é totalmente pecador, sujo, falho e incapaz de fazer o bem (Rm 3.10-18). Quem tem, diante dos currículos apresentados, a capacidade de aceitar quem? É óbvio que Jesus. Para que isso fique mais claro, basta lembrarmos das suas palavras em João 15.5, onde Ele afirma “Sem mim nada podeis fazer”. E quando Ele diz nada, isto significa literalmente nada, inclusive aceitar o próprio Deus.

2. Jesus não está à porta do coração do homem pedindo para entrar.

Muitos tem usado Apocalipse 3.20 para sustentar a ideia de que Jesus, o Rei dos reis, está à porta do coração do homem, batendo e pedindo uma chance. Entretanto, este argumento é invalido, visto que Apocalipse 3 em diante apresenta uma série de cartas direcionadas à igreja e não aos ímpios. O contexto da igreja de Laodicéia, a qual Jesus está a porta, é uma igreja morna. Aquela igreja que não está nem quente, nem fria (v. 15). É entendido que esta igreja, embora seja uma igreja de verdade, se encaixa dentro do que temos visto em nossos dias. A igreja de Laodicéia estava praticando suas obras, fazendo eventos e programações, porém, Jesus não era o foco. Era como se a própria igreja estivesse participando da ceia do Senhor, mas sem o Senhor e é por esta razão que Cristo está à porta, batendo. Esta carta é uma exortação aos laodicenses, a fim de que eles sejam corrigidos e lembrem de Jesus, afinal, este é o objetivo. Portanto, este versículo não deve ser usado para evangelismos, pois é direcionado a pessoas já cristãs. Usar fora do seu contexto é um erro que deve ser evitado.

3. Um homem morto é incapaz de aceitar alguma coisa.

Muitos usam a ilustração de que a salvação é como um presente, porém, usando uma premissa incorreta. Estes [que usam tal ilustração] dizem: “A salvação é um presente que Deus lhe dá, e você tem que escolher se aceita ou não este presente”. Quando digo que a premissa é incorreta, me refiro ao fato de quem está recebendo o suposto presente. O apóstolo Paulo coloca o homem como alguém que estava “morto em delitos e pecados” (Efésios 2.1). Estar “morto” para o apóstolo Paulo não é o que vemos hoje em The Walking Dead, onde os supostos mortos andam, agarram e até mesmo comem (os vivos). Quando Paulo diz que o homem está morto em delitos e pecados, ele remete àquele morto que está cinco palmos abaixo da terra. Em sua mente, a ideia de “morto” é exatamente o que nós, em um mundo real, temos como um morto. Quantas vezes você já foi em um velório e ofereceu um copo de água a um morto e ele disse “Eu quero”? Nunca, pois o morto é incapaz de querer ou até mesmo aceitar alguma coisa, afinal, ele está morto. Portanto, ainda que a salvação seja uma dádiva de Deus, ela não é um presente que o homem é capaz de aceitar ou recusar. O homem não consegue dizer “sim” para Deus baseado em suas próprias vontades. É por isso que Jesus ensinou que ninguém é capaz de ir até Ele se o Pai, que é o Deus todo poderoso não o trouxer (João 6.44). É necessário que o Espírito Santo atue no coração do homem para que então o homem o queira. No fim, teremos o que o mesmo Paulo disse em Filipenses 2.13: “é Deus quem opera em nós tanto o querer, como o efetuar”.

4. Jesus não é um mendigo, muito menos um impotente.

Clamar para as pessoas “aceitarem Jesus” faz dele um pobre e miserável que precisa da aceitação do homem para que então possa agir. Isto não é verdade. Paulo, quando orienta a Timóteo sobre como deve se portar quanto às coisas desse mundo, diz que Jesus é “único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível...” (1 Timóteo 6.15-16). Onde já se viu um ser que é chamado de único Poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos Senhores precisar da aceitação do homem para alguma coisa? Quem está no comando de um reino é o rei ou o servo? É óbvio que é o Rei. Jesus é o Rei e por isso é Ele quem precisa aceitar o homem. Assim como o próprio Jesus disse, logo após pregar o evangelho ao fariseu Nicodemos: “homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu” (João 3.27).

Temos notado um crescimento absurdo de evangélicos no Brasil e isso se dá exatamente porque tem sido muito fácil ser crente, basta levantar a mão e aceitar Jesus. E a verdade é que temos visto multidões “aceitando Jesus”, poucos, a minoria tem sido, de fato, aceita por Ele. Ser aceito por Jesus significa entender a mensagem do evangelho, crer que Ele é Deus, e não nós; Ele é o Soberano Senhor, e nós somos somente miseráveis homens incapazes de fazer algo bom se não for pela graça de Cristo. O evangelho do “aceite Jesus” deve ser combatido com o evangelho fidedigno do Senhor Jesus, o qual nos ensina a anunciar um evangelho que confronta o pecador, ao invés de massagear seu ego. Se você é um cristão hoje, agradeça a Deus, pois é graças a Jesus que você foi aceito e hoje é uma nova criatura. “É dom de Deus, e não por obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9).

Clinton Ramachotte*

* Novo colunista reforma em ação